Do skate à
arte de rua
Por Bélgica
Medeiros l Foto: Cristina Costa
Aos 28 anos André Flash tem uma vida dupla, entre funcionário público e editor de vídeo. Quando quer relaxar recorre à arte de rua que “foi surgindo naturalmente porque a partir dos dezesseis anos, aquela coisa de escola de começar a rabiscar carteira. Aí você vai para a pichação, picha muro e você conhece pessoas da sua idade, anda de skate (...) foi praticamente dentro do skate que eu consegui enxergar além do esporte a arte também”.
Esse lado foi encontrado nos discos de bandas como Black Flag, Descendents,Garage
fuzz, músicos do hardcore e punkrock.
E também
nos desenhos estampados no shapes de skate, em vídeos e nas roupas que usavam,
"sempre tinha uma arte, um traço legal". Tudo fez com que ele se
perguntasse: "quem faz isso"?
Da pichação
– que para ele não deveria ser discriminada já que é onde muitos grafiteiros
começam – André passou para o estêncil-arte.Um molde vazado de um desenho que
pode ter sido encontrado na internet ou feito à mão, é só escolher onde quer
estampar, segura-lo e aplicar a tinta.
Essa
técnica é usada geralmente por quem não tem muita habilidade com o traço do
grafite, dessa forma é mais rápido, tudo é feito em casa e quando chega à rua é
só pintar.
Geralmente
os desenhos que vemos nos espaços públicos não são autorizados. São raros os
casos em que há permissão. Em consequência, quando a policia pega, muitas vezes
apreende os materiais dos artistas, “aqui no Brasil, os policias tingem a sua
cara, te pintam, entendeu?”.
Por conta
dessas repressões ele declara “ hoje em
dia eu não faço tanto na rua pelo tempo e até por essa coisa ‘Ei! Você tem
autorização?’ de policia e tal quando eu tenho oportunidade e tempo livre que é pouco eu faço alguma coisa
na rua mas, faz tempo”.
Mas, não
largou a arte de mão. Apenas trocou de ares e justifica “ me concentro mais em
usar o estêncil em outras plataformas não só na parede, shapes de skate uma
coisa que sempre teve presente em mim , móveis ou num quadro “
Os shapes
de skate muita vezes são encontrados nas ruas ou são doações de amigos. Com eles,
há a pretensão de futuramente fazer uma exposição, já que não são vendidos e
ficam todos guardados em casa.
Ele encara
a arte de fazer estêncil como um hobby “
uma forma de me expressar pra relaxar de todo o tédio e caos do dia a dia. Sabe
aquela coisa de segunda à sexta acordar e carregar o mundo nas costas (...).
Quando eu pinto eu me concentro só no que eu tô fazendo, não lembro de pagar
aluguel, de conta, de ter que acordar as oito da manhã, chegar tarde em casa,
pegar busão, trêm. Esqueço de carregar um pouco o peso", disse.
Com
humildade, André acredita que “ arte não
é só você fazer uma música, pintar, fazer teatro, enfim essas intervenções mais
comuns que a gente conhece. Arte é o
nosso próprio dia a dia que é trabalhar, ter tempo para se divertir, dar
atenção á família. Viver com o salário que a gente recebe e ter bom humor por
mais isso soe depressivo... isso é arte para mim”, conclui.
Obrigado!pelo espaço!
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