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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Antes do 1º passo, vem o início

Por André Flash



Antes de começar esse texto, devo lembrar, a quem for ler essas próximas linhas, devo avisar, que não é uma “tabuada” que você deve decorar, linha por linha, pra começar a fazer suas “artes”. Comigo aconteceu desse jeito, cada um tem sua história e seu aprendizado de vida e de muro, o que vou colocar são algumas observações e fragmento da minha memória.
Não lembro ao certo quando foi o início de tudo, creio que quando estava na 4º série do colégio, já estava flertando com os muros junto com os meus amigos, na ilegalidade da pichação ou rabiscando carteiras da escola (que na minha opinião é onde sai os melhores desenhos).
Mas, mesmo assim, o que sempre me chamava a atenção eram os grafites. Desenhos enormes feitos no muro, cheio de cores e sombras (naquele tempo só usava “colorgin” e olhe lá, não tinha acesso à lata de spray importada que nem hoje) e ficava intrigado e me perguntando, como ele fez? Quanto tempo demorou? Quem que fez? Será que a polícia o pegou depois de terminado o desenho?
Nisso, empolgado e querendo aprender sobre o grafite, comecei a criar e copiar meus primeiros desenhos. Naquele tempo eu não tinha pessoas próximas a mim, somente os muros. Confesso que na folha de papel eu me saía bem, mas na hora de chegar aos muros, era uma negação. Sim, para o grafite é preciso certa habilidade e controle com a lata de spray, e para isso é necessário muita prática. 
Com o passar do tempo, fui sendo apresentado a outras manifestações artísticas (Zines, Colagem, Vídeo e Música), que despertaram meu interesse também. Sem ter a mínima ideia que se tratava de um tipo de “arte”, comigo sempre foi “poxa, isso é legal, me ensina?”. 
Creio que se você leu esse texto até aqui, deve estar se perguntando: “Esse texto é sobre a sua história de sucesso no mundo da arte?”, longe disso, meu caro. Uma, que atingir “sucesso”, essa coisa lúdica, nunca foi minha meta. Sempre me interessei por coisas que me davam prazer em fazer.
O intuito de escrever um pouco das minhas experiências é transmitir que, se você não sair da sua zona de conforto, acabará parando no tempo.
Caso eu não tivesse a curiosidade e o interesse em aprender sobre o grafite, por mais que não tivesse nenhuma vocação para isso, provavelmente ainda seria aquele menino da 4º série pichando até hoje (nada contra a pichação também, acredito que foi dela que comecei a me arriscar mais na vida).
Tudo que eu aprendi e faço até hoje, em relação arte, sempre foi mais por esforço e querer fazer acontecer, do que ter um “dom”. Ser predestinado a fazer aquilo (sem falsa modéstia). Nessas minhas transições em diferentes plataformas, pude ter a oportunidade de conhecer pessoas novas (que são meus amigos até hoje), estar em lugares nos quais jamais iria pensar em conhecer, e todas essas oportunidades eu tive, não pelo fato de estar inserido ou fazer parte de algum “movimento”, mais sim, por sempre ter a mente e o coração aberto e estar disposto aprender e a me empenhar naquilo que eu fazia. 
Agora a pergunta que eu faço para encerrar esse meu texto é:

- Até quando você vai ficar em cima do muro?

André Flash
Artista praticante do estêncil arte

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