Antes de começar esse texto,
devo lembrar, a quem for ler essas próximas linhas, devo avisar, que não é uma
“tabuada” que você deve decorar, linha por linha, pra começar a fazer suas
“artes”. Comigo aconteceu desse jeito, cada um tem sua história e seu aprendizado
de vida e de muro, o que vou colocar são algumas observações e fragmento da
minha memória.
Não lembro ao certo quando
foi o início de tudo, creio que quando estava na 4º série do colégio, já estava
flertando com os muros junto com os meus amigos, na ilegalidade da pichação ou
rabiscando carteiras da escola (que na minha opinião é onde sai os melhores
desenhos).
Mas, mesmo assim, o que
sempre me chamava a atenção eram os grafites. Desenhos enormes feitos no muro,
cheio de cores e sombras (naquele tempo só usava “colorgin” e olhe lá, não
tinha acesso à lata de spray importada que nem hoje) e ficava intrigado e me
perguntando, como ele fez? Quanto tempo
demorou? Quem que fez? Será que a polícia o pegou depois de terminado o
desenho?
Nisso, empolgado e querendo
aprender sobre o grafite, comecei a criar e copiar meus primeiros desenhos. Naquele
tempo eu não tinha pessoas próximas a mim, somente os muros. Confesso que na
folha de papel eu me saía bem, mas na hora de chegar aos muros, era uma negação.
Sim, para o grafite é preciso certa habilidade e controle com a lata de spray,
e para isso é necessário muita prática.
Com o passar do tempo, fui
sendo apresentado a outras manifestações artísticas (Zines, Colagem, Vídeo e
Música), que despertaram meu interesse também. Sem ter a mínima ideia que se
tratava de um tipo de “arte”, comigo sempre foi “poxa, isso é legal, me
ensina?”.
Creio que se você leu esse
texto até aqui, deve estar se perguntando: “Esse texto é sobre a sua história de
sucesso no mundo da arte?”, longe disso, meu caro. Uma, que atingir “sucesso”,
essa coisa lúdica, nunca foi minha meta. Sempre me interessei por coisas que me
davam prazer em fazer.
O intuito de escrever um
pouco das minhas experiências é transmitir que, se você não sair da sua zona de
conforto, acabará parando no tempo.
Caso eu não tivesse a
curiosidade e o interesse em aprender sobre o grafite, por mais que não tivesse
nenhuma vocação para isso, provavelmente ainda seria aquele menino da 4º série
pichando até hoje (nada contra a pichação também, acredito que foi dela que
comecei a me arriscar mais na vida).
Tudo que eu aprendi e faço
até hoje, em relação arte, sempre foi mais por esforço e querer fazer
acontecer, do que ter um “dom”. Ser predestinado a fazer aquilo (sem falsa
modéstia). Nessas minhas transições em diferentes plataformas, pude ter a
oportunidade de conhecer pessoas novas (que são meus amigos até hoje), estar em
lugares nos quais jamais iria pensar em conhecer, e todas essas oportunidades
eu tive, não pelo fato de estar inserido ou fazer parte de algum “movimento”,
mais sim, por sempre ter a mente e o coração aberto e estar disposto aprender e
a me empenhar naquilo que eu fazia.
Agora a pergunta que eu
faço para encerrar esse meu texto é:
- Até quando você vai ficar
em cima do muro?
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André Flash
Artista praticante do estêncil arte
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