Dingos, um artista visual e grafiteiro

Conheça o fundador do Ateliê Casa da Sogra
Por Cristina Costa l Foto: Cristina Costa

Paulista de 39 anos nascido na Lapa. Filho de um pintor e de uma mulher que sonhava em ser artista, Gilmar Del Barco Junior, mais conhecido como Dingos Del Barco, conta que teve uma infância fechada e retraída. “Não tive minha mãe na infância. A minha infância, foi muito fechada e retraída, retraída no sentido que minha mãe trabalhava e eu ficava em casa com minha irmã, três anos mais nova. A minha diversão era desenhar e eu não tinha folhas de papel. Tinha uma lousa...”.A ausência dos seus pais em sua formação, não abalou o garoto que tinha como diversão desenhar e cuidar da irmã ainda pequena.

Aos 11 anos mudou-se para Osasco onde sofreu violência na escola, o Buling, “Na escola, já vim num contexto de gangues, fiquei três anos sofrendo violência de alguns grupos, violência no sentido de vir um grupo e me bater, depois vir um outro e me bater. Foi então que entrei em uma gangue, “Os Intocáveis”. Entrei para me proteger ! ”. Apesar de bom aluno, não entendia a importância da escola, gostava de brincar e desenhar nos azulejos dos banheiros.

Na adolescência descobriu o mundo das tintas e consequentemente os prazeres da pichação. Com humor lembra-se do dia que escolheu a arte para sua vida “Uma vez, na porta da escola, eu tive duas opções: o cara me mostrou uma arma e esse mesmo cara fazia pichação. Um dia, me mostrou uma lata de spray. Eu nem sabia o que era spray. Ele explicou que era para escrever na parede. Escrevi e fiquei apaixonado!”. 

Desde então, o amor pela arte florescia a cada dia. Cansado da vida de pichador, migrou para o Grafite, onde desenvolveu uma linguagem própria, com a utilização de cores e personagens.

Em 1991 fundou a Associação de Grafiteiros de Osasco e Região (A.G.O.R). Passou por ambientes educativos como Instituto Criar, do apresentador Luciano Hulck, Sou da Paz, Associação Santo Agostinho, Gol de Letra e Associação Eremim.

Através de suas experiências em projetos sociais, Dingos teve uma nova percepção para

sua carreira. Foi então, que acendeu a vontade de ter um espaço próprio. “Montei esse ateliê com essa finalidade de suprir minhas necessidades, mas também queria fazer algo pelo meu bairro”. Hoje o Ateliê Casa da Sogra é um espaço magnífico, que há três anos oferece aos jovens e crianças do bairro, o diálogo direto com a arte.

Sem nenhuma formação acadêmica, teve a oportunidade de estudar em Cuba e trabalhar na França. Educador, dono de um estilo único, considera-se apenas um Grafiteiro em sua essência, capaz de transformar coisas simples, em obras de artes preciosas.