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Sobre Atores e Palhaços

domingo, 2 de novembro de 2014

Arte


Por Roger Amaral


A arte é materializar um conceito, sentimento ou forma de cultura.
Uma linguagem de estética e comunicativa, feita por meio de uma variedade de veículos. Tais como:
Arquitetura, escultura, pintura, escrita, música, dança e cinema.
Por mais que vejamos ao longo da história, a arte sendo imortalizada nas galerias e museus. A arte em sua essência máxima esta nas ruas como vamos ver no decorrer deste projeto.
Aprendemos que toda e qualquer manifestações artísticas começa pelas ruas.
No comportamento e evolução de cada cultura e etinia.
Andando pelo planeta nos deparamos com uma grande variedade de técnicas. Sendo que em todas elas, o que há de incomum, é a rua.
Ninguém faz arte sem referência das ruas e meios sociais.
Em todas as culturas existem artistas de rua. Que dita regras marcando um tempo para cada movimento da arte.
Costumo dizer que arte esta na ação de torna-se livre. Na liberdade de aceitar a liguagem usada pelo artista, do poeta ao arquiteto, todos são livres para criar. E todo público precisa ser livre para entender o sentimento expressado. Sem "pré" conceito.Em toda calçada podemos reparar um pouco de arte, do pano aberto no chão aos prédios erguido pelo homem.

Roger Amaral, Artista Plástico


Sobre a regulamentação dos artistas de rua em SP

Conheça mais o processo de lei que regulamenta a apresentação desses artistas
Por Catia Reis l Fotos: Cristina Costa

Aurelio Eduardo do Nascimento, Assessor técnico do Gabinete da Secretaria Municipal da Cultura em SP, teve uma participação importante durante todo o processo e agora já sancionada pelo prefeito de São Paulo Fernando Haddad, a lei que regulamenta o trabalho dos artistas de rua. De acordo com Aurelio o decreto já existia e já havia aprovação junto a Câmara Municipal, porém faltava a regulamentação, o que aconteceu em maio de 2014.

A partir das negociações feitas, com os próprios artistas envolvidos, as Subprefeituras, onde segundo Aurélio tem um papel fundamental, pois eles são encarregados das fiscalizações dos espaços públicos, e da Secretaria Municipal da Cultura, chegaram em um consenso com o objetivo de trabalhar no processo para criar a regulamentação. Ele diz: “O resultado foi muito positivo, pois fizemos isso em conjunto, sempre ouvindo os artistas, tivemos uma parceria muito próxima com todos os envolvidos, até enfim o decreto chegar nas mãos do prefeito Fernando Haddad”.

Um outro projeto criado pela Secretaria Municipal da Cultura é a elaboração de uma cartilha. Sobre isso Aurélio diz: “Essa cartilha está em processo de finalização, fizemos em conjunto com o movimento dos artistas, inclusive ela é toda ilustrativa com a própria arte deles, já o texto é nosso em parceria com eles”. Ele ainda conclui: “ Essa cartilha será distribuída ao público e tem como finalidade instruir tanto a fiscalização, quanto aos artistas, no que diz respeito ao procedimento do espaço público, onde irá conter a lei e o decreto, e no site da Secretaria será disponibilizado na íntegra”.

Em breve no site da Secretaria será disponibilizado uma área de cadastro para os artistas, Aurélio lembra que esse cadastro não é obrigatório, porém enfatiza a importância dos artistas se cadastrarem, pois é uma forma de auxiliar a Secretaria nas imediações de conflitos e um controle dos espaços utilizados por eles.

Caricaturista Zildo

Desenho com muito humor e simpatia garantido 
Por Bélgica Medeiros l Foto: Bélgica Medeiros

Paraibano, o caricatunista, José Filho de 38 anos, está em solo paulista há pouco mais de 15 anos. Mas, há três anos, decidiu fazer parte do time de artistas de rua, da cidade de São Paulo.

Chegou a esse veredicto após ver outras pessoas desenhando por onde passava, "Vim para São Paulo, conheci esse centrão que ainda não tinha conhecido, vi o pessoal desenhando e também quis, então fiquei na rua desenhando" conta.

Há vezes em que Zildo, como assina em suas obras, alcança a marca de 360 caricaturas por dia. O sucesso, além da simpatia e bom humor, que o artista apresenta, deve-se ao fato da sua agilidade e o preço acessível do seu trabalho.



Quando morava na Paraíba, Zildo tinha um pequeno Ateliê onde fazia seus desenhos e outros artesanatos para vender, mas aqui em São Paulo, ainda não conseguiu montar um espaço próprio e utiliza a rede social Facebook para mostrar sua arte e conquistar novos clientes. 

Como vive apenas de sua arte, ele participa de outros eventos fora dos limites da rua, "Na Paraíba, eu desenhava em casa porque tinha um pequeno ateliê, aqui em São Paulo o meu ateliê é o Facebook, mostro e apresento minha arte por lá. Vou em eventos, batizados e casamentos. Menos em velório, Deus me livre" brinca.

A habilidade de desenhar, aprendeu em cursos básicos, porém, a prática e a agilidade foi na rua "Sou autodidata, mas fiz alguns cursos. A prática, o conhecimento, só dá para adquirir na rua. Fiz um pequeno curso, juntei com o dom e a capacidade de aprender algo, meti a cara na rua, e é só sucesso" comenta.

No dia a dia chega às 7 horas da manhã para garantir o seu espaço, mas, às vezes, há pessoas novas chegando para mostrar a arte delas e acabam ocupando o lugar dele "No meu caso eu chego, mas se tem uma  pessoa no meu lugar, eu converso para tentar ficar no meu ponto. Se ela não quiser sair, eu respeito, eu que cheguei tarde. Aqui não tem ponto marcado, não tem licenciamento para todo mundo ter o seu lugar fixo" declara.

Nunca chegou a brigar com ninguém "Na rua, todos os artistas são uma grande família, e dá para resolver essas situações na conversa, sem maiores problemas" diz.
Confira Zildo desenhando:



Anísio

O humilde músico que aceita o aprendizado das ruas
Por Bélgica Medeiros l Foto: Bélgica Medeiros

Ao andar próximo a região do Viaduto do chá, é possível ouvir o teclado e o violão do Anísio, acompanhando as canções dos Beatles e do Elvis que ele interpreta.

O músico de 69 anos é artista de rua há 3, porém, já tem experiência com o público democrático das calçadas, desde a época em que pregava o evangelho nas praças da cidade de São Paulo. "Estou nas praças há 32 anos, mas como 
pastor, pregando o evangelho".

Casado e aposentado, a arte de rua o ajuda a complementar a renda em casa. Porém, a família não aceita essa profissão, sentem vergonha "Minha família morre de vergonha, não falam o porquê, mas já passaram de carro por aqui e nem desceram para assistir" revela.

Começou a tocar na rua ao conhecer um americano, que ele chama de Mr. Paul. Após tomarem um café juntos, Paul se ofereceu para ensiná-lo a falar inglês e, no mesmo dia, já começaram a treinar uma música "Um rapaz muito educado, uma pessoa muito boa, e nós fomos conversando. Naquele mesmo dia ele passou uma música pra mim e depois outra e outra", contou.

A amizade continua até os dias de hoje.Paul aparece algumas vezes durante a apresentação de Anísio para ver se ele está pronunciando corretamente as palavras. " E hoje ele continua me instruindo, às vezes, ele para aqui do lado, quando pronuncio uma palavra errada, ele dá com a mão e corrige", disse.


Anísio tem algumas composições de músicas gospel, mas prefere não misturar as coisas quando o assunto é se apresentar tocando os clássicos do rock. Além das ruas, já atendeu a convites para tocar em casas fechadas, porém, após um roubo que sofreu, ficou com medo de continuar atendendo à esses pedidos.

"Às vezes me convidam para fazer apresentação fora, mas eu só faço aqui, todos os dias da semana. Eu recebo os convites e não atendo, porque há lugares estranhos. Para tocar nesses espaços é melhor ter um escritório central, que faça os documentos e os contratos. Melhor não poder atender a alguns convites, às vezes é até uma cilada. Eu atendi um convite uma vez, roubaram todos os meus instrumentos e eu fiquei com medo".

Ele  acredita que o mais importante de tocar na rua, é a troca de aprendizado. Disse já presenciar uma pessoa passar uma hor de pé, o ouvindo tocar "Muitas pessoas param e ouvem, e crescem no conhecimento. Tem gente que passa e aprende, tem gente que passa e ensina".

Houve, inclusive, um fato curioso, quando chamou uma pessoa do público para tocar em seu lugar, e foi surpreendido "Um dia passou um senhor e deu um show, o cara era fantástico, ele cantou I'll Follow the sun, dos Beatles, sozinho, e deu um show perfeito em todas as notas".

Ele gosta de cantar, pois acredita que proporciona alegria às pessoas "Eu canto porque a música alegra a alma da gente, canto porque eu gosto, não é só pelo dinheiro, eu realmente gosto de fazer isso", declara.
Ouça um pouco da interpretação do Anísio:



Evil Surf

Na brincadeira, no ensaio, no improviso é tudo rock'n'roll
Por Bélgica Medeiros l Foto: Cristina Costa

Fundada há um ano e meio pelo guitarrista Fernando Loko, a banda Evil Surf conta com três integrantes. Fernando Loko como guitarrista, Henrique Bernardes, como baterista e Tommy Headon como baixista.

Por não achar um baixista que tocasse à sério, a banda passou por cinco formações até chegar na composição atual. E então encontraram Tommy, que já tinha experiência da arte de rua desde a Irlanda, seu país de origem. Porém, a banda espera passar por mais transformações, já que estão à procura de um vocalista.

O repertório deles ao tocar na rua é montado a partir de 30 músicas, a maioria cover de bandas de rock'n'roll como Led Zepelin, Rolling Stones e Red Hot Chilli Peppers, fora isso, eles tocam algumas composições próprias.

Tudo começou na brincadeira, até que foram tocar na rua. Fernando conta que não há espaço para eles ensaiarem, sendo assim, tocam na hora, completamente no improviso "a gente nunca ensaiou, é tudo improviso, e convivência. Começou na brincadeira, começamos a repetir essas brincadeiras, nem sempre o som é perfeito, mas quando sai, é legal".
Mas, esse improviso faz sucesso.A calçada próxima à estação de metrô Consolação fica abarrotada de gente, prestigiando a banda. O que complica são os instrumentos, que, por já estarem gastos, não permitem que o som saia perfeito. 

Outro detalhe são os amplificadores que não são valvulados e pegam sinal das antenas de rádios que ficam próximas à Avenida Paulista "nossos amplificadores nem valvulados são, é uma porcaria, pega sinal de rádio. Estamos tocando e começa a pegar Tupi FM, Nativa FM, porque nosso material de trabalho não é o melhor. Tentamos fazer um milagre todo dia".

Por serem uma banda e a estrutura de som ser maior, guitarra, bateria e baixo, já foram repreendidas várias vezes pelo barulho que fazem. Algumas pessoas até já chamaram a polícia para fazer eles pararem de tocar "Vira e mexe tem sempre alguém que chama a polícia. Por que o som está alto, está incomodando, ou argumentam que a gente aglomera pessoas demais, o que atrapalha a passagem".


Além das imediações da Avenida Paulista, já tocaram em casas noturnas e em Paranapiacaba em um Camping chamado Simplão. Mas, o acontecimento que mais marcou a banda, foi no carnaval desse ano, quando decidiram tocar na praça central de Itanhaém para um público de mais de 4 mil pessoas.

"Descemos com todos os equipamentos, sem dinheiro para voltar, sem dinheiro para comer, só com a roupa do corpo. Fomos para Itanhaém, dormimos na praia. Mas, fizemos um puta show No centro da cidade tem uma praça e estava lotada de gente e nós fizemos um som".

Confira a banda tocando:



Fernando Loko

Além das viagens de ônibus e das calçadas das ruas
Por Bélgica Medeiros l Fotos: Cristina Costa

“Boa tarde a todos, senhoras e senhores, permitam-me apresentar! Meu nome é Fernando, estou aqui em nome do bom e velho rock'n'roll para garantir um pouco de entretenimento para todos vocês, espero que gostem”.
Conhecido nas ruas como Fernando Loko, era assim que esse artista de 25 anos, se apresentava nos ônibus para tocar seu violão e garantir um dinheiro ao final do dia. Chegava a tocar de 10 à 11 horas até arrecadar R$100 e poder voltar para casa.
Fernando é artista de rua há 7 anos e há 1 ano e meio montou uma banda, chamada Evil Surf, com os amigos, Henrique e Tomy.
Em Itanhaém, onde morava, começou a tocar violão aos 10 anos com revistas de cifras.
Com 14 anos, entrou no conservatório “A Casa da Música” e ficou lá até os 18 anos, depois continuou estudando sozinho com os vídeos na internet.
Seu principal mestre foi músico Paulo de Tarso, guitarrista da banda Mavericks 76 "O Paulo foi um mestre, um pai para mim. Tudo que sei, aprendi com ele".
Porém, foi ao assistir o filme A Encruzilhada, lançado em 1986, que sentiu o chamado das ruas. O longa conta a história de um guitarrista que está em busca do sucesso "Eu já era músico quando assisti ao filme, e foi o empurrão, o impulso para virar artista de rua".
Em casa sofreu um pouco de repressão, pois ninguém concordou com sua escolha de tornar-se um artista de rua. Mas, Fernando preferiu confiar em seu espírito aventureiro saindo de Itanhaém para a cidade de São Paulo tocar "Eu era de Itanhaém e larguei tudo, namorada, emprego, escola e amigos. Vim para São Paulo, morei um tempo na rua, mas sempre com a ideia de virar artista de rua na cabeça".
Tocou sozinho em ônibus, nas ruas da Praça da República e na Avenida Paulista até montar a banda.
Atualmente, tem um filho de 1 ano de idade e mora com a avó, que, segundo ele, não aguenta mais ouvir o som da guitarra nem do violão.
Após as apresentações nos ônibus, Fernando finalizava:
"Pessoal muito obrigado a todos. O músico vai passar o chapéu, quem puder colaborar com qualquer quantia para poder ajudar um mero artista de rua, eu ficarei agradecido de verdade, aqueles que não puderem colaborar, não tem problema, a presença de todos vocês foi muito importante para mim durante essa viagem".
Confira Fernando tocando:


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Arte de rua no Largo da Memória

No bicentenário do Obelisco a festa é nossa
Por Bélgica Medeiros l Foto: Divulgação

Aproveite o ultimo final de semana para prestigiar os artistas de rua da nossa cidade. Num evento organizado pela Secretaria Municipal de Cultura, para comemorar o bicentenário do Obelisco do Largo da Memória.
A comemoração vem acontecendo desde o dia 13 de outubro e se estende até o dia 2 de novembro, com apresentações artisticas, propostas como uma ação cultural.
O intuito é valorizar o monumento a partir de intervenções artísticas pensadas para o espaço público. 
A vantagem dessa linha de pensamento é o fato de abrir mão de estruturas temporárias, que acabam envolvendo a platéia num espaço pré-existente.
As apresentações são gratuítas.

Confira a programação e bom espetáculo:
01/11 - Sábado - Caravana de Bandas de Rua
15hs - Rafael Pio
16hs - Teko Porã / Circo do Asfalto
18hs - The Lonesome Duo
19hs - Emblues Beer Band

02/11 - Domingo - Encerramento
18hs - Maratona Cultural: Orquestra na Rua

Serviço:
Comemoração do bicentenário do Obelisco
Local: Largo da Memória
Horário: A partir das 15hs
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